27/12/2013
Análise
da obra Neste diálogo são abordados os momentos que precederam a morte de
Sócrates, relatados por Fédon de Elis, discípulo de Sócrates, a Equécrates.
Este
diálogo pode ser dividido nas seguintes partes:
Prólogo
(57a-60b) Fédon procura responder à curiosidade de Equécrates, sobre as
circunstâncias em que ocorreu a morte de Sócrates e se o mesmo acreditava nas
teorias pitagóricas sobre a metempsicose. Capítulo I (60b-69e)
Como o
Filosofo Encara a Morte. A Morte como Libertação
1.
Analisa-se a questão do suicídio e faz-se a sua condenação.
2. A
natureza e objeto da filosofia face à questão da morte.
3. A
morte é a separação da alma do corpo (63b-64c)
4. A
oposição alma - corpo (64c)
5. O
corpo é visto como um obstáculo que impede a alma de atingir a sabedoria
(65a-66e)
6. A
Filosofia como preparação para a morte (67d-68b)
7. A
esperança dos homens virtuosos que cultivaram a Filosofia é encontrarem no
Hades deuses, sábios e bons.
Que
espécie de morte é desejada pelos filósofos? Qual a razão porque o pretendem?
Capítulo
II (69d-72e)
Sócrates
começa a expor os seus argumentos sobre a imortalidade da alma
1. A
sobrevivência e imortalidade da alma (69e-70c)
2. Uma
coisa tem origem na que lhe é oposta.Á vida sucede-se a morte e a esta a vida,
e assim sucessivamente.
3.
1º.Argumento: A alternância dos contrários ou opostos prova a existência da via
para além da morte(70c-72e).
Capítulo
III
1. A
preexistência da alma em relação ao corpo 2.
2º.Argumento:
A reminiscência (Anamnese) pressupõe a existência da alma (73b-77a).
Capítulo
IV
1. As
coisas compostas estão sujeitas à decomposição, as coisas simples como a idéia
de Bem, são imutáveis e invisíveis.
2. A
teoria das Idéias 3.
3º.Argumento:
A simplicidade da alma fundamenta a sua eternidade(78d)
Capítulo
V
Os
contra argumentos de Símias e de Cebes (84c-88b): a Alma Harmonia e a
Degradação na Alma nas sucessivas reencarnações.
Capítulo VI
1.O
objetivo de toda a pesquisa: a procura do bem
2. O
problema da Física: a causalidade 3. 4º. Argumento: A análise da causa da
geração e da corrupção das coisas, leva-nos a concluir sobre a alma como
imperecível (102a-107a).
Capítulo
VIII (107d-115a)
O
Destino da Alma no Cosmos Faz-se uma descrição da Cosmos de forma articulada
com o destino das almas. Epílogo (115a-118c) O diálogo de Sócrates com os seus
discípulos é interrompido, com a chegada dos servidores do Onze, os quais
dão-lhe o veneno (cicuta) que o matará.
A
última mensagem de Sócrates. Principais questões colocadas no Fédon
Imortalidade da alma.
A
questão central deste diálogo.
Platão
procura dar neste diálogo uma fundamentação filosófica da Psyké (princípio
vital, alma) até então muito envolto em concepções mágico-religiosas.
Todas
as provas que apresenta para a imortalidade da alma são apoiadas na sua teoria
das idéias:
a) O
conhecimento como reminiscência das idéias contempladas;
b) o
conhecimento das idéias pela alma demonstra a semelhança desta com aquelas;
c) As
coisas são o que são devido à sua participação nas idéias. Dualismo
antropológico. O corpo é associado a um túmulo que aprisiona a alma e a impede
de pensar-se a si própria e a toda a realidade.
A alma só o poderá fazer separando-se das
necessidades e fruições corpóreas, o que só acontecerá após a morte, na outra
vida, mas para que isso aconteça é necessário que a alma esteja preparada.
Teoria
do conhecimento. Platão começa por distinguir neste diálogo, o mundo sensível
do mundo inteligível.
O
primeiro só nos permite um conhecimento aparente do mundo e portanto não um
verdadeiro conhecimento.
Os
sentidos constituem verdadeiros obstáculos para a alma de atingir o verdadeiro
conhecimento, o que só o poderá obter afastando-se ou libertando-se do corpo
(sentidos).
A fim
de garantir a possibilidade do próprio conhecimento Platão sustentam que as
coisas sensíveis são cópias (sombras) das idéias que a alma contemplou no mundo
inteligível.
Quando
esta reencarna num corpo trás consigo recordações destas formas (idéias
inatas), transformando deste modo toda a aprendizagem numa recordação. Idéias
Inatas.
O ciclo
de reencarnações da alma fundamenta a teoria da reminiscência e a do
conhecimento.
Questão
que emerge desta concepção: Qual o valor do conhecimento sensível e da
aprendizagem? Isomorfismo da Alma com o Cosmos (107d-114c).
A
concepção da alma em Platão, dividida em três partes (Alma Racional, Alma
Irascível e Alma Concupiscente) tem um paralelismo na sua concepção de Estado
(Polis), onde encontramos também três funções básicas (função econômica,
defensiva e legislativa), mas também na sua concepção do cosmos onde sustenta a
existência de três terras (Fédon, Cap.VIII). Política.
A
teoria política de Platão está intimamente relacionada com a sua teoria das
idéias. Só um Estado governado por quem tem o conhecimento dos fundamentos da
ordem e da justiça, pode ser ordenado e justo. Moral.
O
renascimento das almas após a morte, sob formas desiguais, fundamenta a justiça
que transcende os homens e que os julga pelas escolhas que fizerem durante a vida.
As
"provas" da imortalidade da alma constituem o núcleo central do
Fédon, para a fundamentação das quais serão evocadas as várias teorias (Teoria
da Idéias, da Reminiscência e da Reencarnação).
1º
Argumento:
O devir
faz-se através da sucessão cíclica de coisas contrárias. Esta teoria que
remonta a Heraclito. Os contrários sucedem-se alternadamente.
Do
pequeno se faz o grande e do grande o pequeno.
O sonho
sucede à vigília, a decomposição à composição, como a morte se sucede à vida e
esta àquela.
De acordo
com este princípio, a existência terrena seria precedida de uma vida anterior
oposta à morte (teoria da metempsicose).
Neste
processo é contudo necessário, que algo permaneça através dos ciclos de vida e
da morte: a alma, enquanto princípio da vida.
2º Argumento: Reminiscência.
Para
que alguém recorde algo, é necessário que antes tenha aprendido.Aquilo que
recordamos aprendemos numa outra existência, na qual a lama contemplou as
idéias. Platão afirma deste modo que a alma pré-existe ao corpo e sobrevive à
sua morte.
3º
Argumento:
Simplicidade
da alma e sua afinidade com a Idéias . As coisas simples simples - as Idéias -,
distinguem-se das compostas -os corpos -, por serem eternas, invisíveis e
imutáveis. Num homem podemos distinguir a alma e o corpo. A alma é simples e o
corpo é composto.Logo, temos que convir que à alma pertencem todas as
características que são próprias das idéias, sendo portanto imortal.
4º
Argumento:
Incompatibilidade dos Opostos. As coisas
particulares do mundo sensível tem existência e realidade quando participam nas
idéias. Mas uma coisa não pode participar da Idéia que lhe é oposta (par no
impar, calor no frio, saúde no frio, bom no mau).
Ora a
vida e a morte são opostos. A alma participa na idéia de vida, logo exclui a
sua idéia contrária, a morte.
A alma ao
aproximar-se da morte (o seu contrário) afasta-se, libertando-se.
Podemos
pois concluir que a alma é imortal.
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